Maçahico Tisaka
ANO DA BOLSA: 1967
ORIGEM: São Paulo – Brasil
ÁREA DE ATUAÇÃO: Engenharia Civil
LAZER: Leitura, pesquisa e viagens.
Na minha época, 1967, o programa da bolsa era de 60 dias. Para chegar ao Japão não havia voos fáceis como temos hoje, pois precisava parar em algum lugar para reabastecer e/ou trocar de avião. Saí de São Paulo rumo à Lima no Peru, com parada no Panamá, um dia em Los Angeles, parada obrigatória em Hawai até chegar em Toquio. A viagem levava no mínimo 3 dias.
Naquela época, a bolsa tinha três objetivos: passar para o bolsista conhecimentos básicos da história do Japão, suas origens, sua cultura, o estágio de desenvolvimento econômico e industrial, aspectos da política interna e externa do Japão e proporcionar um estágio de curta duração com assuntos relacionados a profissão e conhecer o Japão de norte a sul.
Para isso, ficamos inicialmente hospedados no “Asia Center”, alojamento para estagiários do exterior, durante 10 dias tendo aulas, palestras e debates com professores de diferentes segmentos do conhecimento, antes de iniciarmos o programa estabelecido. Cada bolsista havia escolhido um tema ligado à sua profissão para realizar pesquisas, com visitas às entidades e indústrias, para preparar um relatório que depois seria entregue à coordenação do Programa Gaimusho Kenshusei. A terceira parte do programa era conhecer o Japão de norte a sul, acompanhado de um representante do Gaimusho.
A primeira etapa da viagem iniciou-se por Hokkaido visitando fontes termais, lugares históricos, artesanatos locais, fábricas, estaleiros, etc. No retorno, passamos por algumas cidades como Sendai em Honshu até chegarmos de volta à Toquio. Depois de um breve intervalo, a segunda parte da viagem foi em direção ao sul, passando por Nagoya, Kyoto, Nara, Osaka, Hiroshima até Nagasaki , visitando templos, castelos e memoriais de triste recordação para todos nós.
Nestes 53 anos, muita coisa mudou. Não só nos objetivos da liderança nikkei, como também da própria diplomacia japonesa em relação à condução da bolsa. Hoje, com os recursos da informática, muitos já conhecem o Japão antes de serem agraciados com a bolsa, seja pessoalmente ou através de meios eletrônicos. Ir ao Japão passou a ser um pulo de 24 horas em confortáveis aviões, apenas com uma parada no caminho. Computador pessoal veio muito tempo depois com a IBM. Não havia ainda Internet. Assim é o progresso.
Faço parte da ABEXGK desde a sua fundação na década de 70, e para mim, fora a amizade que venho mantendo com os demais ex-bolsistas, tem sido, além de entretenimento, uma forma de manter-me atualizado com os acontecimentos que ocorrem no âmbito da nossa comunidade. Creio que agora que a Associação está fortalecida com a participação de muitos jovens atuantes na sociedade, com novos planos pela frente, novas formas de interlocução com a sociedade e um bom relacionamento com o corpo diplomático do Japão, tem tudo para colaborar mais intensamente no fortalecimento de boas relações entre os dois países.