Ano da Bolsa: 1984.
São Paulo/SP
Área de atuação: Magistério superior e advocacia.
Atividades de Lazer:
São poucas as horas de lazer, pois me dedico dia e noite, inclusive, sábados e domingos ao estudo do direito, uma área fascinante que quanto mais conhecimentos você adquire, mais e mais novos conhecimentos são reclamados, num incessante movimento de evolução do pensamento.
O meu livro Direito financeiro e tributário, lançado em 1995 e que neste ano alcança sua 30ª edição, é prova viva dessa evolução de pensamento, sempre sintonizado com o que há de mais moderno e atual na doutrina e na jurisprudência dos tribunais superiores.
Mas, nos fins de semana não dispenso um bom restaurante, não só pelo prazer da comida, como também, para ter a sensação de liberdade andando pelas vias da cidade. E sempre que possível dou uma esticada na Praia de Maresias e na Chácara de recreio, porém, em ambos os locais costumo escrever artigos para revistas, boletins e sites jurídicos.
Resumindo, meu hobby que na juventude era o kendô e o judô, agora, passou a ser o “estudo do direito”, que tem dado sentido a minha vida.
Às vezes meus familiares reclamam porque não paro de escrever nas horas do almoço e do jantar. Afinal, tenho que produzir sete artigos inéditos por semana, por força contratual. É claro que com a vinda de netos esse hábito está se alterando um pouco.
Experiência vivida no Japão:
Impressionou-me a disciplina e a pontualidade do povo japonês. No dia do jantar de despedida fiquei encarregado de comprar uma lembrança para o Prof. Yasui que serviu de guia nas nossas excursões. Atrapalhei-me na estação de Ginza (quase embarquei em um trem ao invés do metrô) e cheguei atrasado ao evento. Levei uma reprimenda do anfitrião que ficou sem graça quando lhe estendi o presente que eu havia comprado em nome da minha turma.
Mas, o que me impressionou bastante é a racionalidade do povo japonês. Visitei uma fábrica de automóveis que produzia veículos destinados à exportação. A unidade ficava localizada próximo ao mar, para facilitar o escoamento de veículos. Pensei nas cegonheiras que no Brasil atravessam o País de ponta a ponta.
O que a Associação Brasileira de Ex Bolsistas do Gaimusho Kensusei representa para o senhor?
Milito em diversas instituições como OAB, IASP. FIESP, FECOMERCIO, Academias de Direito etc., mas em nenhuma delas sinto aquela afinidade natural que nos unem. Penso que a origem étnica comum faz com que as tradições e costumes de nossos ancestrais vão se transmitindo de geração em geração, percorrendo um caminho sem fim, unindo-nos por força da herança atávica. Ainda que os traços somáticos desapareçam com o passar das gerações, a comunidade nipo-brasileira se perpetuará pelos seus aspectos culturais peculiares.
Como deslumbra o futuro da ABEXGK?
O futuro da ABEXGK é promissor. Conseguimos fazer a transição para a nova geração de bolsistas que está alcançando sucesso a cada ano que passa, por meio de novas maneiras de agir e de pensar, privilegiada pelos conhecimentos e domínio das modernas tecnologias da informática. Raros são os veteranos que consigam navegar com facilidade por diversas plataformas virtuais. Por exigências profissionais do dia a dia (reuniões, entrevistas, palestras, debates) fui obrigado a aprender o domínio dessas tecnologias de ponta (Instagram, zoom, skype, stream).
Tenho orgulho de ter contribuído para o reinício da bolsa com recrutamento de pessoal jovem na memorável visita que fizemos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão em março de 2013, sob a liderança do inesquecível Cônsul Geral em São Paulo de então, Senhor Noriteru Fukushima.
Fomos na condição de Diretor Cultural da ABEXGK e de Presidente do Conselho Deliberativo do Bunkyo, juntamente com Kihatiro Kita, Presidente do Bunkyo, Oscar Urushibata, Presidente da ABEXBGK e do Kazuo Watanabe, integrante do Conselho Superior de Orientação do Bunkyo.
Fomos recebidos pelo Vice Ministro dos Negócios Estrangeiros, Senhor Kenta Wakabayashi e pelo então Diretor para Assuntos da América Latina e Caribe, Senhor Akira Yamada. Na ocasião, sempre orientado pelo Senhor Noriteru Fukushima, reafirmamos o propósito de dar continuidade à Bolsa de Estudos. A reunião foi encerrada com um agradável bate papo durante o almoço oferecido pelo Ministério que contou com a participação de Akira Yamada. Quinze dias depois dessa visita, veio a São Paulo o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Senhor Fumio Kishida que durante a homenagem que lhe foi prestada no Salão Nobre do Bunkyo afirmou solenemente que o governo japonês havia decido pela retomada da Bolsa.
Antes disso, por iniciativa do laborioso Cônsul Geral, Noriteru Fukushima três bolsistas jovens haviam embarcado para o Japão em fevereiro de 2013. São eles os engenheiros Edson Kuwabara e Jairo Uemura e o juiz de Direito Marcus Vinicius Kiyoshi Onodera.
Fizemos parte da comissão de seleção. O Jairo não era tão jovem, pois, já contava com mais de 50 anos, porém, foi escolhido pelo seu carisma inigualável. Foi uma excelente escolha como demonstrado posteriormente. Hoje, o critério de seleção é outro e está centralizado no Consulado Geral mesmo porque nem todos os candidatos da terceira geração têm o domínio da língua japonesa, a exigir meio alternativo de comunicação.
Como decorrência do significativo aumento e valorosos ex bolsistas da nova geração, a Associação Brasileira de Ex Bolsistas vem ganhando força cada vez maior, servindo como um dos importantes canais de colaboração entre o Japão e o Brasil por meio da comunidade Nikkei.
Tenho a convicção de que essa bolsa perdurará por um longo tempo. Penso que pujante vida associativa da ABEXGK está a merecer um livro específico a respeito, como um legado para o futuro. Voltaremos ao assunto na oportunidade própria.